Última Senzala
Úmida senzala, como Castro Alves falava
Por ali muitos passavam, mas não viam a negrada
Que por baixo da casa sucumbia desgraçada.
Mulatos homem agrupados
Como punhado de gados eram marcados pelo ferrete.
Negro, negro madeira boa. Negro madeira forte
Negro, saco de carvão. Negro pedaço de carne¹
Que aos olhos do patrão para um bom negro
Boa morada é o porão
Porão este que enfatizava “O que te trouxe de casa
Foi o movimentos das águas, que junto ao feitor,
Te fez segurar as barras e pelo soar das águas
Lembrar do amor” Amor esse que agora ecoa
Dentro da madeira boa, que por ventura não pode sair
Nem de cá para lá, nem de lá para cá.
O que resta a esse negro agora?
Que ao olhar para fora, na outra margem
Vê apenas o topete de sua senhora
Djalô
Oh negro, que cantava, batucava, dançava e sorria!
Sorria agora. Mas não para sua senhora
Pois já era chegada hora e de angústia viveste agora
O chicote lhe castiga o couro
E de penar morreste a alma.
¹"Negro, negro madeira boa. Negro madeira forte
Negro, saco de carvão. Negro pedaço de carne" Livro Cachorro velho. Teresa Cárdenas