Última Senzala

Úmida senzala, como Castro Alves falava

Por ali muitos passavam, mas não viam a negrada

Que por baixo da casa sucumbia desgraçada.

Mulatos homem agrupados

Como punhado de gados eram marcados pelo ferrete.

Negro, negro madeira boa. Negro madeira forte

Negro, saco de carvão. Negro pedaço de carne¹

Que aos olhos do patrão para um bom negro

Boa morada é o porão

Porão este que enfatizava “O que te trouxe de casa

Foi o movimentos das águas, que junto ao feitor,

Te fez segurar as barras e pelo soar das águas

Lembrar do amor” Amor esse que agora ecoa

Dentro da madeira boa, que por ventura não pode sair

Nem de cá para lá, nem de lá para cá.

O que resta a esse negro agora?

Que ao olhar para fora, na outra margem

Vê apenas o topete de sua senhora

Djalô

Oh negro, que cantava, batucava, dançava e sorria!

Sorria agora. Mas não para sua senhora

Pois já era chegada hora e de angústia viveste agora

O chicote lhe castiga o couro

E de penar morreste a alma.

¹"Negro, negro madeira boa. Negro madeira forte

Negro, saco de carvão. Negro pedaço de carne" Livro Cachorro velho. Teresa Cárdenas

D`Souza Gabriel
Enviado por D`Souza Gabriel em 15/02/2018
Código do texto: T6254667
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