Morador de rua

Deleito-me num papelão

Imagino como seria um colchão.

As casas,

Com piscina

E eu aqui, levando água da chuva.

Troco

O valor que tenho por uma dormida

Mas que valores eu tenho?

O estado me vê como um rato

A sociedade como um lixo

E eu vou levando a vida desses dois modos.

Conhecimento não me falta

Mas quem vai escutar-me?

Sei plantar bananeira, acredita?

Fiz capoeira por um tempo

E que caia a poeira,

Dos lençóis de algodão

Do povo que finge não me enxergar

Das almas sebosas que são estas;

Achando que estou aqui por escolha própria.

Breno Nottingham
Enviado por Breno Nottingham em 13/02/2018
Reeditado em 14/05/2020
Código do texto: T6252632
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