CHÃO DE CONFETES
O bloco passou.
Ninguém viu
- ou quis ver –
a criança descalça
à margem do carnaval.
O bloco passou.
Ninguém ouviu
- ou quis ouvir –
o choro da criança faminta
à margem do carnaval.
O bloco passou.
A Avenida Brasil abriu alas
às fantasias multicoloridas
aos foliões ebriamente alegres
a esbanjar beijos e requebros.
O bloco passou.
A criança faminta
descalça e ignorada dormiu
no chão coberto de confetes.