CHÃO DE CONFETES

O bloco passou.

Ninguém viu

- ou quis ver –

a criança descalça

à margem do carnaval.

O bloco passou.

Ninguém ouviu

- ou quis ouvir –

o choro da criança faminta

à margem do carnaval.

O bloco passou.

A Avenida Brasil abriu alas

às fantasias multicoloridas

aos foliões ebriamente alegres

a esbanjar beijos e requebros.

O bloco passou.

A criança faminta

descalça e ignorada dormiu

no chão coberto de confetes.

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 12/02/2018
Reeditado em 12/02/2021
Código do texto: T6251413
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