DANÇANDO NO ESCURINHO, COM MUITO CARINHO


Dançar no escuro, eu sei.
Posso dar um passo errado,
mas somente tu perceberás que errei.
Mesmo desajeitado, tentarei.
Ufa !... Errei outra vez.
Mudarei o tom, curtiremos só o nosso som,
quem sabe, livrar-me-ei dessa vã estupidez.
Acertei.
Uma dança que nos deixou livres também
de parte de nossas vestes.
Prova disto é todo o meu peito descoberto,
lambuzado de teu batom.
O batonzinho que comprei
com o pouco dinheiro que ontem me deste.
. . .
De repente, não sei por que,
teu ciúme é iluminado por um inesperado vaga-lume.
Ah, sossega !
Essa luzinha intermitente veio somente
embriagar-se com esse teu perfume brega.
E foi exatamente por causa dela
que descobri estar enfim liberado.
Quero dizer:
posso olhar pra qualquer lado
deste nosso pequeno planeta
desabitado, não iluminado.
Não mais te enciumarás.
Todavia,
dispensando aquela fragrância
que a única pequena luz atraía,
posso agora embriagar-me
com a mistura de nossos naturais perfumes,
exalados de nossos corpos suados.
Tranquiliza-te,
pois que ainda que embriagado,
permaneceremos abraçados,
por certo, temendo sofrer novamente
quando distantes um do outro.
Aí é quando ouvirei o teu coração e teu ressonar.
Antes que tornes,
quero também sonhar e adentrar no teu sonho,
como uma nuvem pequenina, suave, leve e calma.
Somente a brisa a esquentar nossas almas,
nossos corpos, nosso colchão.
Sim ! . . .
É que dormiremos no escurinho deste chão,
peles nuas, feito meninos de rua.


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     Para o texto: Dance no escuro (T6235508)
     De: Lyzzi
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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 02/02/2018
Código do texto: T6243561
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