Ser-urbano
Na cidade aonde carros caros berram
E pombos cagam em cabeças,
Eu me encaixo
Vejo setas e faróis,
Terminais de ônibus
Em estado terminal
Eu consigo me enquadrar
Na rotina dos transeuntes
Da região central
Sinto dores
Tenho uma ansiedade e medo
Que invariavelmente superam minha fé
Respiro um ar pesado
Arrisco a dizer,
Um ar hostil
O barulho das motos
Irritam a todos nós
Mas nessa cidade, rodas são vitais
Vida e pessoas secas
Em meio a enchentes e raios,
Atravessam pontes de aço
Tenho pena dos andarilhos
Eles tem os pés rachados
E nas mãos, um cachimbo
Na cidade inquieta
O sono repousa tranquilo
No vidro embaçado de um vagão velho
Sinto a cidade toda contra mim
E nesse momento,
Tenho um medo mórbido. Urbano.
Dario Vasconcelos