RETORNO

Acende-se a tocha

no altar do horizonte

A tarde cor de ametista

espreguiça-se

por detrás das montanhas

Final de dia

As calçadas se enchem

com passos ligeiros

no retorno trivial

da labuta diária

Casaco no ombro

gravata na pasta

Algarismos no rosto

Testa enrugada

Visível cansaço

Mensalão, sonegação,

Corrupção, político ladrão,

Meu Deus, que confusão!

E lá vai o João

batendo pandeiro

na marmita vazia

Mão de ferro do povo

calejada, cansada

Mão do progresso

que não perde a alegria

nem a esperança

por dias melhores

De ver sobre a mesa

O minguado feijão

de cada dia!

Olga Silveira
Enviado por Olga Silveira em 22/10/2005
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