RETORNO
Acende-se a tocha
no altar do horizonte
A tarde cor de ametista
espreguiça-se
por detrás das montanhas
Final de dia
As calçadas se enchem
com passos ligeiros
no retorno trivial
da labuta diária
Casaco no ombro
gravata na pasta
Algarismos no rosto
Testa enrugada
Visível cansaço
Mensalão, sonegação,
Corrupção, político ladrão,
Meu Deus, que confusão!
E lá vai o João
batendo pandeiro
na marmita vazia
Mão de ferro do povo
calejada, cansada
Mão do progresso
que não perde a alegria
nem a esperança
por dias melhores
De ver sobre a mesa
O minguado feijão
de cada dia!