INDIFERENÇA CÍVICA

Deitada contente

No colo do adorno

Minha burguesia terna

Compra o pão e paga o troco.

Repousa com grossas meias

Meu descaso aos acasos

Num lar de muros altos

E vitrais enfeitados.

Eu de riso e punho frouxo

Que esbravejo contra

O teu protesto nobre

De gritos sinceros

Nas esquinas ao reivindicar

Em tua greve que me leva

A razão por ausência

De fartos motivos para lamúriar.

Enquanto o mundo

Expõe suas mazelas

Como fendas para o labor

Ora travestidas como se fossem

O seu contexto natural

Surgindo em meio a paisagem

Passiva de concreto e fluxo

Mundo lúcido em lúdico mal.

Tua realidade grita

E me golpeia com vigor

Deixando-me aturdido

Ao admirar as longas

Filas de emprego

E a violenta fome

Que não se pode saciar.

HenriqueBazzí
Enviado por HenriqueBazzí em 25/12/2017
Reeditado em 25/12/2017
Código do texto: T6207990
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