FESTA NOBRE
Não me convidaram pra essa festa nobre
Onde crápulas se esbaldam, dividindo a propina
E eu fiquei aqui, contando os meus cobres
Pra pagar minhas contas na fila da esquina.
E eu que sou ralé, sou feio, magro e pobre
Vivo sovando sapato, a cumprir minha sina
Enquanto quem manda me enrola e encobre
Seus asseclas corruptos, suas aves de rapina.
Mas nesse enrosco, antes que a espinha dobre,
Antes que nos levem todo ouro da mina,
Quem sabe o pobre a sua força descobre
E faz da revolta a sua melhor vitamina
Pra acabar de vez com essa festa nobre
Onde crápulas se esbaldam, dividindo a propina.