Bala perdida, alvo encontrado
A bala é perdida
a vida é tomada
a desculpa é esfarrapada
e a PM é inocentada
A mãe cai em prantos
chorando para todos os santos
gritando seus espantos
sirenes tocando em todos os cantos
o sangue escorrendo
mais pobres morrendo
tanta gente sofrendo
tanto corpo gemendo
Eu vi os anjos chegando
eu vi corpos, e a morte os carregando
senti meu coração parando
e em lágrimas, meus olhos desabando
é feita outra chacina
mataram o menino, mataram a menina
A pm não salva, ela extermina
e eu aqui rezando para alguém lá de cima
Mas aqui não tem sinal
a oração não tá chegando no reino celestial
e amanhã vão chamar de marginal
o jovem e inocente
que a tv anuncia, culpado de todo o mal
todo dia um trabalhador vira bode expiatório
todo dia enfrenta um sistema incriminatório
todo dia tem uma mãe indo em um velório
enterrando o filho morto por um sistema discriminatório
A bala sempre é perdida
e o alvo sempre é encontrado
mas nunca nos jardins
onde moram engravatados
mas nas favelas
onde resiste um povo cansado