Bala perdida, alvo encontrado

A bala é perdida

a vida é tomada

a desculpa é esfarrapada

e a PM é inocentada

A mãe cai em prantos

chorando para todos os santos

gritando seus espantos

sirenes tocando em todos os cantos

o sangue escorrendo

mais pobres morrendo

tanta gente sofrendo

tanto corpo gemendo

Eu vi os anjos chegando

eu vi corpos, e a morte os carregando

senti meu coração parando

e em lágrimas, meus olhos desabando

é feita outra chacina

mataram o menino, mataram a menina

A pm não salva, ela extermina

e eu aqui rezando para alguém lá de cima

Mas aqui não tem sinal

a oração não tá chegando no reino celestial

e amanhã vão chamar de marginal

o jovem e inocente

que a tv anuncia, culpado de todo o mal

todo dia um trabalhador vira bode expiatório

todo dia enfrenta um sistema incriminatório

todo dia tem uma mãe indo em um velório

enterrando o filho morto por um sistema discriminatório

A bala sempre é perdida

e o alvo sempre é encontrado

mas nunca nos jardins

onde moram engravatados

mas nas favelas

onde resiste um povo cansado

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 08/12/2017
Reeditado em 30/07/2018
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