Mendigo
A mão estendida na esquina da rua
Quase sempre voltava vazia para o colo magro
Que no frio do chão se estendia.
Vez ou outra, uma moeda franzina,
Caía esmolada na palma da mão,
Que o braço cansado
Trocava pelo pão.
Fico imaginando a história,
Por trás da miséria
Que esconde esse olhar
Na solidão.
Ninguém se condena assim
A ser refém da fome,
Sem ter uma razão.
Um amor perdido,
Uma perda sofrida,
Uma dor, uma decepção.
Só um baque muito forte
Pode condenar um homem
A se rastejar por esta vida,
À espera da morte.