Lixo dos nossos dias
Sucata da história
Achavam-se na glória
Da pátria o desterro
Sanidade no aterro
Num fétido fértil baldio terreno
Que do chorume escorre o veneno
Coleta seletiva
Numa amarela histeria coletiva
Para a lata só o orientado
Para a inteligência um atentado
“-Olha ali! Chuta! É erótico!”
E guardam em casa o lixo tóxico
Onde o “ser nocivo” é da natureza
E como resíduo sólido a pobreza
Porém o lixo retorna numa logística reversa
Na podridão de medidas perversas
Mas corações parecem estar impermeabilizados
Destas cabeças pouco ou nada pode ser reciclado
Alienação como fuga
No silêncio refugo refúgio de uma mente suja
Hoje responsabilidade evacuada
Ninguém nunca é culpado de nada
Parece que a vitória do lixo será acachapante
A hipocrisia é nauseante
Mas no futuro não vai adiantar gritar por socorro
Terá que juntar a caca do seu cachorro
Dos restos do resto do que você tem feito
A vida vai te cobrar de um jeito
E não vai adiantar colocar para fora do seu portão
Logo não haverá mais caminhão.