EU
Tristeza que não pode dominar
alegria que se apodera do coração
ausência que não limita a presença
amor fraterno bem distribuído
nunca deveras apercebido.
Desta forma sinto-me
indecifrável, sei o que sou
mas nem sempre
sou o que de fato sou
O mundo aperta-me daqui
dacolá, riu sem graça
sou menina, tenho paz
mas quem quer paz?
Meu riso fácil delata
minha alma prazeroza
sou criança querendo abrigo
num mundo onde o homem
decide tudo pelo próprio umbigo.
Só no meu íntimo, apago a impressão
deixada pelos ladrões do bem
com borracha passada no meu coração
aí torno ser eu nesse emaranhado
desejo de ser apenas a doce eu.