TEOLOGIA (?) DA PROSPERIDADE

Ensinam que Deus dá muito a quem muito dá.
Ensinam que a bênção é ter um carro zero.
Ensinam que os ricos são abençoados.
Ensinam que ser pobre é coisa do diabo
e, por isso, o pobre deve abrir o bolso
para pagar o dízimo.
Pague mil e receba dois mil.
Pague dois mil e receba quatro.

E o pastor vende o sal sagrado,
conduz até a pira santa,
joga a água purificada do jordão,
sobe a montanha de papel crepom
vestido de moisés carnavalesco
e desce com a tábua da bênção.

E os sons de trovão são derramados
dos alto-falantes
para os amplificadores de última geração
e cantam hinos adaptados
de canções populares
e todos gritam numa latomia indescritível
como se o onisciente Deus
fosse surdo.

E o dinheiro do dízimo
sustenta a rádio,
o jornal, o canal de tevê,
o cachê do ator que vai dar
um beijo gay
na frente das crianças.
Sustenta a mansão,
o carrão,
a escola dos filhos
do apóstolo e da bispa,
que cumprem pena
numa pátria de infiéis,
em nome do senhor.

(O que é de Deus?)

Afinal de contas,
quem é idólatra?
Quem é idiota?