A Cigana
Olhar ausente e vazio
De lembranças que se perderam
Não brilha mais por amores
Que também envelheceram
Das negras tranças juvenis
Que emolduravam seu rosto
Sobraram alguns fiapos
Escondidos no lenço roto
A pele, antes tão bela
Na vidraça se reflete
Sulcos da longa existência
Marcas do esquecimento
Retrato da negligência
Leitura de mãos, já não faz
Pois as linhas burlam seus olhos
Basta atentar-se ao andar
E ao olhar do vivente
Pra saber o seu futuro
Seu passado e seu presente