ORQUIDÁRIO DEMOCRÁTICO

No céu da minha cidade

Orquídeas se despem tão nuas!

Nos braços da lealdade

Das árvores esquecidas nas ruas...

São berços improvisados

Nos galhos e também nas calçadas

Ao todo que segue roubado

Cenário da fé malfadada.

Há flores de todas as cores

De dádivas tão surpreendentes!

Parecem atiçar o desejo

Do mesmo Direito às gentes...

Teatro sem nenhum contra-regras!

Ali tudo é perdoado...

A fome só sacia o desejo

Dum solo mais abençoado.

As flores rebrotam sem preço!

Não há bastidor na pureza

Que na perfeição do apreço

Rebrotam só plena beleza...

Certeza de que o espaço cedido

Legítimo de pleno aconchego

Pertence ao todo sofrido...

Não cede ao vis apetrechos

A noite da minha cidade

Parece uma noite plantada

Nas galhos se acolhe a saudade

Caída das vidas podadas.

Mas a noite da minha cidade

Se acende em aura encantada!

Nos galhos reluz uma orquídea

Velando a dor das madrugadas.