DESEMPREGADO
Passei a vida estudando para ser diplomado.
Investi num futuro certo, fértil e próspero.
Não joguei bola, nem sinuca e nem xadrez.
Minha formatura foi meu momento histórico.
Meu passatempo foi aprender inglês.
Fiz doutorado... Estou desempregado.
Aprendi que ter caneta era sinônimo de emprego.
Minha realidade não condiz com o meu aprendizado.
O governo promete muito em época de eleições.
Continuo aqui, sem rumo, desempregado...
Como eu, tem mais de quinze milhões.
Nas manchetes, o que se lê, é só corrupção!
Tenho que almoçar, jantar, pagar as contas.
O meu diploma está dependurado na parede.
Já bati em mil e uma portas de empresas.
Algumas se mudaram, outras faliram.
Há uma fila de depressivos no hospital...
Nunca se vendeu tanto nas farmácias.
Tem gente, aproveitando-se da crise, vendendo facilidade.
Estou à procura de qualquer serviço para matar a fome.
Quando a gente está sem dinheiro perde o nome...
Amigos fogem e em casa o convívio fica difícil.
Tudo que aprendi na escola não está dando certo.
Estou vivendo meu inferno astral nesta cidade.
Quem inventou esse problema tinha que ser guilhotinado.
Meu grito está rouco, ninguém ouve mais a minha voz.
O meu filho quer brincar de bola no quintal.
Eu quero apenas trabalhar... Estou desesperado.
Se precisar calço a minha botina... Limpo o matagal.
Quem precisar de um empregado é só me contratar.