SONETO IV
SONETO IV
(ao MAM)
Nuvem que ainda não anuncia a tempestade,
Lá, feliz, no céu como a brincar fica,
A nossa pureza perdida indica,
Seu futuro banhará a humanidade.
Nuvem, nuvem, conserve a tua riqueza
Em nosso tão distante céu de anil,
Pois tu tens em ti a beleza pueril,
Não de nós, mas de ti haverá a pureza.
Monstros que já trazem na arte seus gumes,
Verbalizam as suas próprias manias,
Querem apagar todos os teus lumes.
Transformam em arte as suas fantasias,
Tudo será arte, até seus próprios nudes,
Não querem desconstruir as suas orgias.
(Ricardo Gomes Pereira)