Infância Impedida
Com sonhos ruindo
Feito castelos de areia
Ela roda a bolsinha
Com seu vestidinho
Modelo sereia
Pra homens carentes
Sadios ou doentes
Oferece seu corpo
Em troca de um troco
Enquanto é usada
Cerra os olhos e imagina
Um pão com chimia
Café bem quentinho
E toalha de renda
Ato consumado
Com água e sabão
Ela limpa as partes
E junta os trocados
Jogados no chão
Na volta pra casa
Compra leite na venda
Para dar aos irmãos
Serve um pouco pra cada
Nas canecas encardidas
Que estão no fogão
Então vai para a Escola
Sem fazer o tema
Pois lápis não tem
Caderno não tem
Infância não tem
Só fome ela tem