Descaso
Que margem finaliza esse crepúsculo
Que tinge o céu de rosado?
Caminhando entre os transeuntes
Passo a passo articula os fatos
Que milícia tranca a rua na via
Expulsa o negro e impede a raça
De ver os pontos esburacados
Dos olhares vagos em mínimos espaços
Cama que a ateia os desejos
De procurar vias dolorosas
Chamuscadas de esperança
Vias corrediças de anelos
Espalhando o perfume nas ladeiras
De um tempo bom que colhem as flores
Como compreender essa triste sina
Dos desencantos sociais vigentes
Chagas purulentas do orçamento
Das tramas dos bastidores
Das vantagens em forma de firulas
Trôpegos passos em desatino
Filhos do descaso eleitoral
De urnas sérias pegajosas
Entre tanto desrespeito publico
Cabe a cada um avaliar a tese
Criando a antítese do desalento
Em cada gravata colorida do congresso
A bravata do desinteresse
O descaso do colarinho branco.