FINAL DIFERENTE
Eu vi certa vez com estes olhos
Um escritor sucumbindo a sua fome.
Não. Ele ainda não tinha nome.
Preocupavam-se em ensinar-lhe a ser homem.
Ele não sabia ainda que podia escrever.
Mal descobrira que tinha capacidade para ler.
Eu vi um líder, uma cientista, um diplomata,
Uma economista. Eu vi artistas.
E a maior arte dos adultos que os cercavam
Era bancar o equilibrista.
Não tem fiado. É à vista.
E quem quiser ver o futuro que assista. Insista.
Alguns pelo caminho sucumbiram à dor.
Da fome, do frio, do peso da cor.
Alguém lhes convencera de que não era ser.
Que os melhores lugares são de quem pagou pra ter.
E eles se calaram diante das opções.
Forjaram seu lugar na escada dos escalões.
Fizeram acreditar que lhes restavam os porões.
Quem sabe se o alimento lhe chegasse a tempo
E não tivesse que prover tão cedo o próprio sustento
O escritor teria escrito um final diferente
Pra ele, pra família, pro mundo, pra toda gente.