O beco sem saída
O beco sem saída
É o final da tábua
Do navio da vida
Olha a dor de cabeça
A cabeça vencida
O beco pútrido
Úmido e frio
Olha a vida bandida
A moral esquecida
Olha o trovão.
Olha a chuva que pinga
e molha e respinga
Aperta a sensação
De prisão invisível
Impotência incrível
E a desculpa caída
Escorre pelo chão.
O beco sem saída
A vida espremida
O fininho da vida
Caixotes, latão
Beco sem saída
Poderia não ser
Pelo resto da vida
Restos de comida
E comiseração.
Beco sem saída;
Clama aos céus
Pela vida
Quer voltar;
Paliçada.
Não tem volta não
O cerco foi fechado
O estádio lotado
Para a execução.
Olha a luz, o estampido
Polícia-bandido
Julga:condenação
Uma alma liberta
Se eleva sem pressa
Em busca de amplidão.
O bandido está solto
Sorrindo em conforto
Seu meio bilhão
E o menino jaz morto
Esquálido, roto
Pois não tinha moeda
Pra comprar um pão.
Boato desmentido
E o beco aplaudido
Linchamento quer ver.
Veja o chão se abrindo
Seu negócio falindo
E o beco sem saída
Vai devorar você!