O mito das algemas
Sob a escuridão das aparências
Mantem-se os homens cegos.
Presos em algemas
Amarrados em seus egos.
Camufladas com uma folha
O dito tal contrato.
Sob a ilusão de única escolha:
De trabalho assalariado.
Onde deve aceitar a submissão
E de um patrão, serem empregados.
Para que ele gire o lucro do capital
E lhe forneça o mínimo...
Para a reprodução de sua força de trabalho.
Trabalho este:
Em que nada lhe pertence
(Nem o produto, nem o tempo, nem o valor, nem a maquinaria.)
Do seu suor, do seu ardor...
Lhes retiram a mais-valia.
Para amenizarem a roubalheira
Lhe permitem consumir
- Se alegre em comprar!
Mas quando produzem em excesso:
Não tardam em lhe demitir.
E se não tem como pagar, o que comprou:
- Que se foda, no endividar!
Essas algemas veladas
São cuidadosamente reguladas:
Se apertam-nas demais
Sente-as nas mãos.
E desvela-se a prisão.
Se afrouxam-nas demais,
Melhor é o impulso para quebra-las.
O carcereiro (o burguês)
Tenta ao máximo fugir das extremidades
Deixam as algemas, regulamente na média.
E enquanto não atingirem a sensibilidade
Manterá os homens na inércia.
Restam aos homens, a atividade:
Que se movimentem
Para que todos escutem
Os sons de suas correntes...
E ao destruí-las:
Conquistarem a liberdade.