Imigrantes


Faces desprovidas.
Rostos vazios de expressões.
Multidão perdida na multidão.
E ainda que perdidos, solitários.
Velha fotografia, tempo morto.
Futuro sendo semeado.
O adubo do sofrimento.
Dores de cada um.
E todos são nenhum.
Pinceis sem tinta,
Quadro sem cores.
Medidas fugitivas.
De onde vêm?
Para onde vão?
Gritos vertidos em murmúrios.
Onde estão os ouvidos?
Ali só existem bocas,
Que perdem-se em esôfagos,
Que são corredores
Para as câmaras vazias do estômago.
Fome da alma, miséria do ser.
Como não ser?
Pragmaticamente compulsório.
Lágrimas lavadas nas águas do mar.
Gotas perdidas no oceano.
Vidas esgotadas,
Sorrisos perdidos no vento,
Vem a brisa dizer.
Saudade do que se foi.
No fim do que ainda não existiu.
Boca calada, olhos fixos,
Tempo e espaço.
E num lugar comum,
O rebanho humano,
A massa de seres,
Seres que apagam-se
Na ânsia de buscar
Migalhas de luz,
Para o seu amanhã.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 19/08/2017
Código do texto: T6088945
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