POVO CLIENTE.
POVO CLIENTE.
Nos assentos modernos da castidade
A lei não detém menores, já maiores.
A idade não criva a safadeza
Ela só faz jeremiar à vulgaridade.
O corpo e seus desejos são os esconderijos juniores
Do sonho consumista que precipita a natureza
Da anoréxica necessidade básica de se alimentar
E de uma moral ensinada na má-criação
No jardim-educação, a flor só brota se plantar.
Crianças geram crianças em ventres sem aptidão
São barrigas de pais desconhecidos
Onde a carestia não serve pensão aos esquecidos
Que vão determinar o futuro do nascimento
Nos exemplos mais profundos, de dor e sofrimento.
Cala uma pluralidade de carinho
Na infância que lhe foi privada desde o ninho
Na saudade de diálogos não consumados
Na palmada proibida pelo estatuto dos estagnados
Que outorga direito na TV, de sexo a canal aberto
Em reality show, programas ou novelas
Bundas e peitos unem fogo e pudor a descoberto
Num conjunto de sacanagens exibidas nas telas.
A puberdade pode não estar no corpo, mas na mente
Parabéns, só acendem velas de estupro, quando tem um povo como cliente.
CHICO DE ARRUDA.