MORCEGOS

O cheiro do sangue da plebe enfeitiça

Os nobres vestidos com ouro usurpado

Que almejam deixar em frangalhos, carniça

A turba indefesa num chão devastado

Infetos, tisnados por torva cobiça

Saciam-se em lauto banquete montado

Aos olhos de inerte, capenga justiça

Da mesa migalhas desabam... Que fado!

Robustos de tanto sugar a esperança

Morcegos de sonhos conspiram unidos

Feroz e sem freios o séquito avança

Do quadro pintado eis o triste resumo:

Um povo à mercê dos projetos urdidos

Em podres covis de uma terra sem rumo