OS ESQUECIDOS.
OS ESQUECIDOS.
Abro a tela dos meus pensamentos às conquistas
Revisto a sintonia dos meus canais neurônicos
E vislumbro o planeta Terra como uma aldeia
Cheia de famintos por sua própria hegemonia
Guarda-volumes de seus ideais monopolistas.
Grandes farrapos humanos é-te arquitetônicos
Estão nas ruas, vitrine de uma vergonha que te alheia
Com mãos súplices a pedir-te migalhas de agonia
E se desculpando por te incomodar com tua miséria
Com tua falta de ter o que realmente lhe faz falta.
E tu preso nas vísceras de teus trajes higiênicos
Revela dos bolsos moedas que enchem canecas
E despe da consciência o fardo de não ser aquela bactéria;
Entra na igreja, ajoelha e reza em voz alta
Pede o perdão e mofina seus desesperos ecumênicos
Roga que suas benções sejam geridas por suas hipotecas
Uma barganha lúdica de ter para mais possuir.
Débeis macacos que jazem em códigos de barra
Em faixa de pedestres, em portas giratórias de bancos
Em semáforos e fotos nos versos de maços de cigarros.
Ambulantes, dia-a-dia priorizamos nos extinguir
Pois o homem ainda é da vida uma reles gambiarra
Excelência dos esgotos resistindo em barrancos
Que enxerga seus mendigos de dentro de seus carros.
Jornais e papelão acamam os esquecidos no frio e na tempestade
Sem futuro ignoramo-los uma vez que é o nosso passado
Inconscientemente desferimos socos e pontas-pé na própria cara
É muita humilhação saber de onde veio, o que foi e o que fez
Nas tatuagens do tempo, o corpo tem-me como bom freguês
Onde testemunho uma humanidade que se roga ser boa seara
Mas voa no eco de todos os espaços como um invento fracassado
E eu por admiração e inveja, chamo os esquecidos,... De vossa majestade.
CHICO DE ARRUDA.