OS ESQUECIDOS.

OS ESQUECIDOS.

Abro a tela dos meus pensamentos às conquistas

Revisto a sintonia dos meus canais neurônicos

E vislumbro o planeta Terra como uma aldeia

Cheia de famintos por sua própria hegemonia

Guarda-volumes de seus ideais monopolistas.

Grandes farrapos humanos é-te arquitetônicos

Estão nas ruas, vitrine de uma vergonha que te alheia

Com mãos súplices a pedir-te migalhas de agonia

E se desculpando por te incomodar com tua miséria

Com tua falta de ter o que realmente lhe faz falta.

E tu preso nas vísceras de teus trajes higiênicos

Revela dos bolsos moedas que enchem canecas

E despe da consciência o fardo de não ser aquela bactéria;

Entra na igreja, ajoelha e reza em voz alta

Pede o perdão e mofina seus desesperos ecumênicos

Roga que suas benções sejam geridas por suas hipotecas

Uma barganha lúdica de ter para mais possuir.

Débeis macacos que jazem em códigos de barra

Em faixa de pedestres, em portas giratórias de bancos

Em semáforos e fotos nos versos de maços de cigarros.

Ambulantes, dia-a-dia priorizamos nos extinguir

Pois o homem ainda é da vida uma reles gambiarra

Excelência dos esgotos resistindo em barrancos

Que enxerga seus mendigos de dentro de seus carros.

Jornais e papelão acamam os esquecidos no frio e na tempestade

Sem futuro ignoramo-los uma vez que é o nosso passado

Inconscientemente desferimos socos e pontas-pé na própria cara

É muita humilhação saber de onde veio, o que foi e o que fez

Nas tatuagens do tempo, o corpo tem-me como bom freguês

Onde testemunho uma humanidade que se roga ser boa seara

Mas voa no eco de todos os espaços como um invento fracassado

E eu por admiração e inveja, chamo os esquecidos,... De vossa majestade.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 09/08/2017
Código do texto: T6078217
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