VAGAMUNDO

No vai e vem dos dias

O sol aquece o corpo

No descompasso da noite

A lua ilumina a escuridão

O sentimento fica relegado

Oculto no coração de alguém

Viro um vagabundo

Esperando encontrar o além

O senhor terá compaixão

Na hora do juízo final

Já paguei todos os pecados

Neste mundo infernal

Como um vadio a vagar

Nas noites reluzentes

Procurando uma marquesa

Para o esqueleto relaxar

As relíquias estão guardadas

No cofre da ilusão

Passo a noite papeando

Com os colegas de aflições

Não sou vagabundo

Sou resultante do descaso

De políticos corruptos

Que me tirarão a crença

Tirando-me do rosto a alegria

Ofuscando dos olhos a fé

Desviando o poder terapêutico

Do afeto e do amor

Tira o alimento do lixo

Não mastigo, engulo

Para não sentir o gosto infecto

Em estado de putrefação

O meu teto

É um manto azul

Com estrelas e lua bordadas

Pela mão do artesão maior.

Osvaldo Teles

Osvaldo Teles
Enviado por Osvaldo Teles em 08/08/2017
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