Macunaíma
... Sete anos de azar,
Zonzo de tanto zanzar, zanzar...
Pelos “limites” da Europa, a esmo.
Mala cheia de complexo,
Semelhante ao Michael Jackson...
Não conseguia aceitar a mim mesmo.
Expatriado, sem referência física,
Camaleônico feito a Mística...
Da gueixa usei a maquiagem.
Arranquei raiz e caule,
Como o bruxo Aleister Crowley...
Tentei dar sumiço a minha imagem.
Máscara branca em anexo,
Não via o meu próprio reflexo...
Tal qualquer um desses vampiros.
Mas curiosamente,
Apesar de “transparente”...
Alvo fácil, em quem sempre acerta os vossos tiros.
Quis a “sorte” do Macunaíma,
Sem pente quente ou Guanidina...
Estrelar a propaganda de Loreal Elseve.
Deixar até a alma nua,
Pra “tomar banho de lua...”.
“E ficar branca como a neve...”.
No entanto me reconheci,
Ao som de Ed, Blue, Mano Brown MC...
Nina, Fela e Peter Tosh.
Macaco? Talvez antes da revolução,
Agora posso te ensinar uma lição...
Desfazer tua cara de deboche.
Escravos? Descendo de reis e rainhas,
Agora sei que a Carochinha...
É autora dos teus infames livros.
Teu racismo é velado,
Mas será revelado...
A foto do lado... Negativo.
(Me enxergo) autoconhecimento,
Encontrei meus documentos...
Não se refira a mim como fulano.
(Haaaaa!) eis que desembaço,
Esse maldito espelho sem aço...
Que nos distorce há centenas de anos.
Já não me tenho por estranho,
Sei minha cor, peso e tamanho...
É, um dia a gente se manca.
“Espelho, espelho meu!”
Agora eu sou mais eu...
Não tenho inveja branca, inveja, branca.