País do arco-íris

(Ao poeta Adão Ventura)

Jamais poderei sentir, na pele,

No cerne,

De verdade teu drama,

Amigo Negro.

Posso, quando muito,

Vagamente percebê-lo:

Nunca vou levar um tapa na cara

Por ser negro;

Nunca vou perder emprego – nem susto! –

Nem vão bater-me as portas

Na cara,

Somente por ser negro.

Dessa maneira,

Nossas distâncias são, talvez, intransponíveis:

Pra nos encontrarmos,

Pra nos compreendermos,

Talvez só nos compêndios,

Talvez só nas alturas,

No país dos arco-íris,

Onde todas as cores são bem-vindas.

(Pará de Minas, MG, 1988)

William Santiago
Enviado por William Santiago em 14/07/2017
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