O grito

Cai o sol ao longe,

Expressionista.

Risca o céu de bronze,

Feito artista.

Deitando-se além dos montes,

E como que cansado, lá mesmo se fica.

Prateando a lua descrente.

Que em seu silêncio confidente

Abraça os desgosto da noite.

Do grito que se dana na calada,

Que feito tiro ecoa na quebrada,

Pedinte de socorro.

Esse grito que se deita ao pé do morro,

Misturando lágrimas e sangue.

Grito que não mais constrange,

Grito que é paisagem, grito personagem

De histórias com os mesmos roteiros.

Grito rotineiro, que rodeia as paragens do Brasil.

Grito senil,

Que se alastra desde nosso primórdio,

Grito de desespero sórdido, grito mórbido,

Seco, sem vida.

Grito de gente desconhecida, sentida,

Vivida. Grito da minha gente desfavorecida.

Grito sem som, sem tom,

A não ser o da pele.

- Que Deus nos vele!

Nesse caminho empreitado,

Caminho imputado

Pela ignorância que cega,

E nega o direito a felicidade.

Que rega o peito de maldade,

E sonega toda a nossa liberdade.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 20/06/2017
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