Todo Esterco Vira Rosa?
Quantos mais gritarão em vão?
Quantos mais vocês não ouvirão?
O que mais precisa ser dito?
Quantos mais serão esquecidos?
A carne trêmula pede por clemência
De um crime que ainda tem ocorrência
Os desgraçados gritam por socorro
Seus berros soam, soam sem esforço
Soam fortes como batuques afros
Soam claros como gritos sufocados
Chiados como sutiãs queimando
Chocantes como os índios dançando
São ignorados como esterco
Que sentem mas que é só bosta
Esquecidos como quem enterro
Pois uma rosa nasce da matéria decomposta
Não há resposta, não há retorno?
Não se pode ajudar este povo sem consolo?
Os deixam apodrecer pra ver se melhora
Ao crer que todo esterco vira rosa