BRAVAS RAÍZES
Enganas-te, poeta, imaginando morto
no peito rio-grandino o culto dos palmares!
O pó das gerações eternizou no horto
a imagem dos heróis trazidos de outros mares.
Sangravam adagas, agrilhoaram almas,
espalhadas só vês a ruína que se expande?
Mas ergue tuas mãos e as expõe às palmas
e ainda a reviver verás nossa Rio Grande!
O tempo não desfaz nosso Cassino,
enfunarão as naus os pescadores;
nada vai calar, poeta, da catedral o sino
que nos clama a acalentar as dores!
Muitos braços, talvez desalentados, pendem
por lhes faltar a Crença – a invicta armadura.
Heia, pois! Almas dormentes inda acendem
as centelhas da Fé, donde emana bravura!
Seja a missão do poeta ao dedilhar o pinho
acordar para a luta as hostes abatidas;
forças rio-grandinas não tombam no caminho,
só em letargo estão, jazendo adormecidas.
Não se lhes teça o sono emaranhada teia!
- despertem-se o clamor de uma vida melhor...
e veremos ainda o bravo povo “papareia”
conquistando, ufano, glorioso, um grande-sul maior!