BRAVAS RAÍZES

Enganas-te, poeta, imaginando morto

no peito rio-grandino o culto dos palmares!

O pó das gerações eternizou no horto

a imagem dos heróis trazidos de outros mares.

Sangravam adagas, agrilhoaram almas,

espalhadas só vês a ruína que se expande?

Mas ergue tuas mãos e as expõe às palmas

e ainda a reviver verás nossa Rio Grande!

O tempo não desfaz nosso Cassino,

enfunarão as naus os pescadores;

nada vai calar, poeta, da catedral o sino

que nos clama a acalentar as dores!

Muitos braços, talvez desalentados, pendem

por lhes faltar a Crença – a invicta armadura.

Heia, pois! Almas dormentes inda acendem

as centelhas da Fé, donde emana bravura!

Seja a missão do poeta ao dedilhar o pinho

acordar para a luta as hostes abatidas;

forças rio-grandinas não tombam no caminho,

só em letargo estão, jazendo adormecidas.

Não se lhes teça o sono emaranhada teia!

- despertem-se o clamor de uma vida melhor...

e veremos ainda o bravo povo “papareia”

conquistando, ufano, glorioso, um grande-sul maior!

Chaplin
Enviado por Chaplin em 09/08/2007
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