Natural?!
Tentaram me calar
Fecharam minha boca
Mais consegui gritar.
Arrancaram minha roupa
- Boba, você vai gostar!
Desrespeito é pouco
Me invadiram, me inundaram, me usaram
Me enchi de nojo
- Calma, só mais um pouco!
Que louco, que horror
- Que comum, que natural!
Qual mulher não passou por isso?
O pai, o padrasto, o tio ou namorado
O amigo, o individuo desconhecido,
Sei lá!
Pode ser que eu conhecia, meu olhar se distraía
Tentando não pensar...
Fechei o olho, amoleci o corpo, exausta de lutar
- E agora? Será que esta morta?
Mataram meu corpo, mais me restou um sopro
Que ainda insiste em debater, no fundo da consciência
Por que o corpo aguenta viver, o que a alma não pode crer?