UM DIA DE MÃE
Ela pariu defronte a lua cheia
Sob um céu sem estrelas
Loba solitária invernal.
Uivou longamente em dor
No ato sofrido e natural
Da vida pela vida.
Nasceu o fruto do sexo
Que nem pedido foi
E nem desejado.
A mulher que virou loba
Voltou a ser mulher
No choro da criança.
Na calçada abandonada
Em plena madrugada
Teve um pingo de esperança.