Profecias (Homenagem a Belchior)
Ouço músicas que não envelhecem,
que me falam de promessas não cumpridas...
que cantam paisagens sugeridas
de um mundo novo que adivinhamos.
Escrevo versos remanescentes
daquele tempo idealista
em que a juventude altruísta
afrontava tudo com tinta, flores e papel!
Aqui bate um coração inconformado
que sente o peso da desolação,
neste mundo de concreto e ilusão
onde a vida não tem valor.
"O que é que pode fazer um homem comum
neste presente instante,
senão sangrar, tentar inaugurar
a vida comovida...
inteiramente livre e triunfante!"
Canta, canta profeta Belchior,
que uma nova mudança
em breve vai acontecer
e precisamos todos rejuvenescer...
retomar o velho ideal!
Mas o tempo se esvaiu
na gigantesca ampulheta,
gira angustiado o planeta
carregando pesado fardo de iniqüidades.
Após milênios de advertências não ouvidas,
de insistentes profecias repetidas...
ruirão nossas frágeis ilusões.
Desaparecerão nossas evanescentes miragens...
em tempestades, terremotos e furacões,
saneando e modificando as paisagens!
Então e somente então,
os ouvidos moucos ouvirão,
versos novos e antigos
anunciando a primavera,
nossos mais caros anseios traduzidos...
inaugurando a nova era!