COTURNO NOTURNO
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Escolho falar dos sons leves
Para não mais atrair os pesados
Dos coturnos noturnos
Que ameaçam a paz
Somos unos
Mas mesmo assim
Durante a noite
Sei que eles continuam a existir
Nas vidas de outras pessoas
Abaixo,
Ou de lado
E muito acima de mim
Pois já
Ouvi seus sons
Já identifiquei pegadas assim
Choro, dor, gemidos
Batida de botina forte
Com passo pesado
Não compreendo, não faz sentido
Ai...ai ... como posso chorar baixo?
Ou fingir estar calma, sorrindo
Se eu sinto como se fosse comigo
Queria ensinar o som do sorriso leve
Mas como não consigo
Mesmo que fosse por tempo breve
Por ainda doer a ferida
Apenas balbucio uma prece
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