VIAGEM AO MUNDO SUBMARINO

VIAGEM AO MUNDO SUBMARINO

Quase todas as noites ele conversava com sua garrafa, que nada respondia, ficava em silêncio, como a parede e a mesa próxima à entrada do verso ao contrário.

Folheava os cadernos em buscas das aulas vagas e via que era como procurar um filme do Godard nas locadoras ou nos ciclos onde vivíamos.

Às vezes caminhava pelas ruas de Liverpool ou do Nebraska sentindo o sabor do cigarro que estava fumando e o amargo do último bitter que havia tomado em algum lugar onde as imagens ficaram.

Perto das onze da noite a gente parava na esquina , entre a igreja e a loja de discos desativada, esperando para seguirmos o vento que diziam estar vindo do leste. Nunca o vimos. Acredito que nunca tenha passado, não por aqui.

Na gaveta do armário da sala ficavam as anotações feitas em nossas viagens, era difícil entender as letras improvisadas e os símbolos dos rabiscos no papel, ou os desenhos feitos para o museu de cera, que ficava numa travessa perto da praça do duelo mortal, mas era o que tínhamos a dizer, aliás, era o que tínhamos para colocar nas garrafas que seriam esquecidas depois de atiradas ao mar ou deixadas na mesa do bar.