O Mangue
O mangue molesta,
Mata, maltrata.
O mangue é tiro pela culatra,
Sangue que respinga na mata.
Choro que não se escuta,
Se abafa.
O mangue é selva, selvageria.
É a relva amarga do mundo
Que perdido se vai na agonia.
O mangue magoa,
Atoa vai se queimando.
Como pedra no cachimbo
Vai se inalando, enrolando
Na brisa do menino, limbo.
O mangue já foi da natureza,
Agora abriga o bicho racional.
Que frito frita a pedra matinal,
E se vai na brisa que a obriga
A se desfazer do corpo virginal.
Faz da moça um programa sexual,
De sua vida, sua história
Nada além do vício.
Este que no seu ofício
Cheio de maleficio
Faz de todo bem um mal.
Neste mangue de cor exangue tudo é sempre igual.