O Mangue

O mangue molesta,

Mata, maltrata.

O mangue é tiro pela culatra,

Sangue que respinga na mata.

Choro que não se escuta,

Se abafa.

O mangue é selva, selvageria.

É a relva amarga do mundo

Que perdido se vai na agonia.

O mangue magoa,

Atoa vai se queimando.

Como pedra no cachimbo

Vai se inalando, enrolando

Na brisa do menino, limbo.

O mangue já foi da natureza,

Agora abriga o bicho racional.

Que frito frita a pedra matinal,

E se vai na brisa que a obriga

A se desfazer do corpo virginal.

Faz da moça um programa sexual,

De sua vida, sua história

Nada além do vício.

Este que no seu ofício

Cheio de maleficio

Faz de todo bem um mal.

Neste mangue de cor exangue tudo é sempre igual.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 13/04/2017
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