Foram-se as pedras e as ideias

Foram-se as pedras e as ideias

Abandonei voluntariamente o trono
E todas as escadas onde me ergui
Esqueci-me da noite, das palavras e de ti…

Deixei que o pensamento vagueasse na rua,
Que a fome roesse a mente, desilusão
Deixei de pensar um tudo e os sonhos
Correm as águas por valetas porcas e secas

Vi a luz apagar-se nos homens
A morte correr, espreitando janelas
E tubos fumegantes, por entre roupas rasgadas
E moços de calças baixas, rindo e grupo
Sob corpos estendidos no chão…

Não há pedras que se atirem
Ou escritas na areia de cabeça baixa
E as ideias, prendem-se escondidas
Por entre massa cinzenta e paredes de cálcio
Calam-se as vozes, discriminam-se os que pensam
E todos pintam de dourado, os fios que pendem
De uma triste bola cimeira, onde nascem duas bolas
Que esbugalhadas seguem o rebanho…

Fetidamente escorrem os dejectos pelas soleiras,
Esperas timidamente na “fila” papel plástico estendido
Onde hipotecas os dias, e as noites, nos gestos mecânicos
Engordando os já gordos senhores do mundo…

Foram-se as pedras e as ideias…
Condenaram-se os mestres à pobreza
E os doadores de DNA, geram-te
Mas não te educam…
@Alberto Cuddel
#depressaopoetica
07/04/2017
08:05
Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 07/04/2017
Código do texto: T5963771
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