Bomba atônita
Poema
"Bomba atônita"
A bomba explode...
E eclode no coração da cidade.
Pelo chão,
corpos mutiltados
E a todo lado que se olhe
Se enrubesce de sangue
o azul real da liberdade...
Libertè...egalitè...fraternitè...
Pra quê?
Se o que eles querem
Ce n´ést pas o bom viver...
Enquanto a chama da intolerância se inflama
Aqui desce morro abaixo a obscura lama
Cobrindo o verde calmo da mata
Contaminando o doce rio que se dilata,
Com o acre vômito da ganância...
A lama engole tudo...
Bicho, homens, mulheres, crianças
Leva pro fundo da terra
Tudo que nessa esfera se ama
Tudo fica mudo...
E aos poucos se tinge de luto
O verde calmo da esperança
Que nessa vã espera,
Se desbota e se desespera..
Enquanto a lama podre avança...
E eis que....
Pelo plenário
mais um sórdido plano
de fraudar o erário
No ineficaz sistema tributário
da inoperância;
É tanto decoro pra tão pouca ética
que mal se acha gosto em rimar
um verso de tão pobre métrica
E no fastio de tanta usura e lambança,
A lama ocre endurece
E no coração do Brasil se estanca...
E o povo segue a dar seu jeito.
Sem pão, sem salário e sem dinheiro
Prossegue em suas pedaladas matinais
Em busca de quem sabe; algum emprego?
Enquanto isso nos tribunais de contas
Se julgam as pedaladas fiscais,
Mas não se aponta
Qual a saída pra este triste estado
Que se sabe desde o passado
que nuca foi passageiro,
Pois que de tão saqueado
o bolso do humilhado operário ordeiro,
É de se admirar ao se dar por conta,
Que até mesmo da honestidade zomba
O já desesperançoso povo brasileiro
Alex Quirino