ÁGUA E SABÃO
 
Eu gostaria de colocar cores neste texto,
Todas as vezes que tento falar sobre Preconceito,
Não me sinto seguro,
Só enxergo meus defeitos.
Mas me desafio mais uma vez,
Mesmo escorregando no medo da imparcialidade da animalidade.
Eu sou como os outros – flagelo da calamidade!
E assim nasce o preceito da pele que sucumbe à pele.
O homem nada mais é do que um saco de bater,
O preconceito é seu rosto,
Para se tornar Homem,
É preciso saber se ele aguentará o soco, ou se pedirá gelo.
Os preconceitos existem, por que existem as religiões,
As raças, as classes sociais, as divisões sociais, geográficas, as línguas e idiomas...
Quando tudo era uma única Pangea o mundo não era fera, apenas esfera.
Aí veio o homem, o Senhor mai poderoso,
O lixo da Criação e a ínfima espécime da (d)evolução;
A pessoa que é racista é racista e pronto.
Mas quem sofre racismo é o quê?
Vítima, coitado, humilhado, mercê, mais um, somente eu?...
Sofrer por racismo, ainda hoje, 
É tão impiedoso e segregador
Como é negar uma ajuda a uma pessoa em necessidade.
Não se pode julgar um racista, até que ele cometa um ato racista,
Mas a máquina de se fazer alienados,
Com as retrógradas ideias nazistas de raça superior de Hitler ainda existem.
Eu me pergunto: “Onde estão os arianos, agora?”
“Onde está toda aquela prepotência divina?”
Hitler, saiba lá onde ele está, deve estar muito feliz
Com o que ele conseguiu construir –
Uma nação derrotada, um exército de nada e o Genocídio de milhões.
Racismo e discriminação – inteiro e preenchimento,
Na sua diáspora de poderes permeou ao mundo momentos históricos,
Apartheid, Domínio da Índia,
Escravidão no Brasil, Segregação nos Estados Unidos...

Pelo olhar lírico poderia dizer que a história se encarregou
Em dedicar espaços litúrgicos para cada época,
Mas tais episódios, por tanta carga de sofrimento,
Não comportam tanta galhardia em linhas febris de qualquer poesia,
Não magistralmente como o fez Castro Alves.
Queixo-me sempre a andar por alguns lugares:
Por que sempre alguns postos de empregos são assim distribuídos?
Num fast food o atendende é negro,
O caixa é negro e o entregador é negro;
Numa loja chic a gerente é branca, bem vestida e cheirosa,
E todos os seus funcionários também.
Os funcionários invisíveis, aqueles que não percebemos,
Que limpam as mesas, o chão, os banheiros são de que cor?...
Seu chopezinho de fim de semana ou de happy hour,
Tão descontraído com os amigos do trabalho é servido por quem mesmo?
Ninguém se dá conta disso, não é?
O flanelinha na rua, o guardador de carros, o vendedor de água mineral,
O vendedor de sinal, o equilibrista, Ah! O ladrão que te assalta de moto, também...
Infelizmente é o Brasil, não dão oportunidade pra “preto” e para “pobre” [sic]
É nisso que dá...
Aos pobres a miséria da pobreza – Tristeza.
Aos ricos o luxo da beleza – Nobreza.
Às raças sabão e água - Hierarquia das raças.
Você pode deixar de ser negro ou deixar de ser branco,
O que lhe limita ou lhe liberta, saibas bem disso, não é a cor da pele,
É saber enxergar o avesso das pessoas,
Pois sua capa superficial é apenas uma carniça com prazo de validade. 
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 30/03/2017
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