Andando entre as pedras...
Fiquei observando-as todas, enquanto entre elas caminhava
E quanto mais andava, mas claro ficava
Que elas se moviam não porque havia amor dentro delas
Moviam-se por ganância, amor não se movia nelas
As pedras me olhavam desconfiadas por eu estar naquele lugar
Andando e as observando enquanto eu estava a vagar
Eu evitava os seus olhares frios
Corações sem amor, sem compaixão, corações vazios
E quanto mais eu ali adentrava
Mais surpreso eu ficava
Porque nada tinham para transmitir além de sorrisos falsos
Sorriam à cada um que subia ao cadafalso
Cadafalso de suas estratagemas e conjecturas
Traziam em seus olhos a tristeza e suas agruras
Nada tinham para dar, somente a tirar
Enquanto caminhavam sem destino, sem saber o verbo amar
Entraram em carros de luxo, embebedados pelo seu dinheiro
E eu vi todo aquele vazio, e mais ainda fiquei sorrateiro
Me esgueirando pelas ruas para tentar entender
Tentando achar sentido para aquilo, tentando compreender
São pedras com braços, pernas e corpos que andam sem sentido
Por serem ricos são pobres por ter somente o dinheiro bandido
Que os tira o mais lindo da vida que é o amor e nobreza dos sentimentos
Tentam em vão alcançar o que há de melhor no coração, mas vai-se tudo aos ventos
E compreendi então que a riqueza é boa somente quando compartilhada
Com aquele que chamamos de irmão em nossa jornada
Daí sim podemos ter de todo o luxo que pudermos e até esbanjar
Contanto que nunca esqueçamos do mais lindo verbo: o verbo AMAR!