Vampiros
Pelos caminhos que percorro, procuro meus medos.
Faço o caminho de volta e de repente me vejo criança,
Trêmula e assustada pelos monstros sombrios,
Perambulando a esmo na minha imaginação.
Eram os ladrões das minhas noites de sono,
Que me jogavam em labirintos vazios,
Onde eu me sufocava perdida no abandono.
Era um medo cruel, que hoje não sinto mais...
Mas da sanha desses medos loucos,
A vida ainda me mostra alguns sinais.
Da volúpia de sangue dos vampiros,
Hoje ainda existem pesadelos que são reais:
De caneta em punho e colarinhos brancos,
Ainda atacam em plena luz do dia,
Os vampiros que sugam o suor do nosso rosto.
E ainda existe a herança maldita,
Que se converte aos poucos em bruxaria,
Na maldição que assola o nosso povo,
Que como ratos, rastejam em agonia.
A miséria é a praga mais cruel,
Que faz do homem um prisioneiro do tempo.
Rogam-na bandidos de togas,
Fantasmas de carne vestidos de negro.
E enquanto a marcha dantesca sucumbe,
Nos palácios os risos de escárnio ecoam,
Por ter nas mãos o poder da magia,
Capaz de cegar um país inteiro com utopias,
Enquanto se apropriam do seu tesouro.
Mudaram apenas o perfil dos monstros:
Usam o poder que emana das mãos do povo,
E com promessas de um mundo novo,
Vivem de usufruir riquezas e regalias.
Sãos os monstros de terno e gravata,
Que vemos na televisão, todos os dias