RIO DOCE
E tudo o que era doce
Em lama se tornou,
Como se o rio fosse
Lágrimas do criador.
Escorre feito mágoa,
Uma dor, uma explosão,
Quem lavará as águas
Do nosso coração?
Lama segue sem desvios,
Arrastando o velho rio,
É a vida em extinção.
"nos confins do oceano"
Tantas mortes, tantos danos,
A fria devastação.
Água clara do meu dia,
Sem nenhuma garantia,
Jaz assim, sem proteção.
Água, suave alimento,
Perde-se, agora, no vento
Dentro dessa inundação.
Rio doce já não canta:
O engasgo na garganta,
Natureza a reclamar.
O murmúrio entristecido,
Tantas mortes sem sentido
No rio que já não há.