RIO DOCE

E tudo o que era doce

Em lama se tornou,

Como se o rio fosse

Lágrimas do criador.

Escorre feito mágoa,

Uma dor, uma explosão,

Quem lavará as águas

Do nosso coração?

Lama segue sem desvios,

Arrastando o velho rio,

É a vida em extinção.

"nos confins do oceano"

Tantas mortes, tantos danos,

A fria devastação.

Água clara do meu dia,

Sem nenhuma garantia,

Jaz assim, sem proteção.

Água, suave alimento,

Perde-se, agora, no vento

Dentro dessa inundação.

Rio doce já não canta:

O engasgo na garganta,

Natureza a reclamar.

O murmúrio entristecido,

Tantas mortes sem sentido

No rio que já não há.

Marilia Abduani
Enviado por Marilia Abduani em 09/03/2017
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