Letárgica Realidade

Desculpe-me quem pensa diferente, mas é assim que vejo a nossa realidade.

O triste canto exalado nas ruas

Outrora embalado em panelas vazias

Agora calado de alma nua

Recolhe-se a sua letargia

Enquanto o rio de podridão

Ah, esse segue a afogar futuros

Seca a esperança do cidadão

Nas águas frias de tons espúrios

Camisa verde e amarela no peito

Segue guardada no armário

Feito as fugazes memórias

Sofre o triste simples sujeito

Que apesar de insatisfeito

É agente passivo na história

Do golpe anestésico sente efeito

Mas o que adianta ser feito?

Se não tem mais forças para lutar

Essas foram todas surrupiadas

Com mentiras, políticas jogadas

Se o passado foi ruim, hoje penso assim

Do futuro quero nem pensar

Nuvens carregadas assombram os dias

Trazem chuvas torrenciais de afasia

A aguar a já encharcada sociedade

Quem bebe da fonte da demagogia

Fica adormecido com a hipocrisia

Aceita inerte a triste realidade.