Carnaval

Como acreditar?

Que um povo sofrido, calado

Roubado, ultrajado

Humilhado, desrespeitado

Com fome, injustiçado

Sem saúde, pobre

Na prisão da ignorância

Sem educação

Possa ocupar com alegria

Estourar na avenida, salões

Encharcar-se de bebida

Colorir-se e dançar

Tirar as roupas, ocultar as tristezas nas mascaras

Brincar de amar e ser amado

Cantar por um dia, uma noite

Pular um cordão,

Ir atrás do trio elétrico

Alucinada, incoerente, alienadamente,

Acrescente quanta mente quiser

Por que tudo mente

Nesta ilusão festejada por tradição

Uma festa que não é sua

Não é nata, é ingrata, pois mente

Farsante, desonesta por acoberta

Metas, promessas

De malandros, embusteiros, trapaceiros,

Políticos ladrões

Enquanto os Zé Pereiras brincam

Lá aonde o som da algazarra não chega

Mas deveria alcançar o clamor

Urdem, desconstroem direitos,

Seguem por retrocessos

E amanha verão dissabores

Desempregos, fome

Injustiças mais carências mil,

Multiplicadas, adicionadas aos desesperos da dor

Como acreditar que estamos em festa?

Afinal é carnaval e tudo pode

Também pode para os corruptos, desonestos

...Ladrões de sonhos, anseios, de gloria

Do povo festeiro, pacato,

Pacifico, e, ainda ordeiro

Crente que o amanha será melhor e farto

Como acreditar?

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 26/02/2017
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