Suposição
Suponho verdades ocultas
Ou vozes que nunca são ouvidas
Mas pior que isso, é esta vergonha
Que fura os olhos de quem sonha
Suponho sacos cheios quebrando ombros
Em velhotes, no alcatrão das avenidas
Mas pior que isso, são suas vidas
Que ao anoitecer encovam seus corpos em escombros
Suponho olhares de descriminação
Aos sem-tecto (crianças de rua) criaturas semelhantes
Em constante confronto com a vida, sem menção
Da nossa indiferença e rostos discordantes
Suponho senhoras da idade,
Acabando se aos fardos
Por uns pães oxigenados
Um jantar da promiscuidade
Suponho negócios ou invenções
Tais como HIV/SIDA e tuberculose
Levando nossas almas a um “close”
Na nossa ineficácia, presumo jogos do poder e omissões.