Esses homens-hora
Esses que fazem
E mais se desfazem
Esses que levantam as paredes
E não se abrigam dentro delas
Edificam os telhados
E são os órfãos nas tempestades
Esses que aprumam as portas
E são expulsos pelos interfones
Esses mestres de azulejo luz e carpetamento
Esses homens-hora
Pintores quase artistas
Carapinas caprichosos
Encarregados bombeiros pedreiros serventes
Que quando mais não servem
Se veem cuspidos para não-sei-longe
Ceilândias invasões
Condenados a gerar com mínimos salários
- em colchões a crediário –
Os seus substitutos
Na ciranda deste sacrifício
(Taguatinga, DF/1984)