Nada a Temer
Povo bom é povo cristão
de boa raça e bons costumes
bolso vazio, bíblia na mão
conservador de chorume.
É o povo cheio de regras,
"Bandido bom é bandido morto"
e quando mata se faz festa,
e quando vinga, um aborto.
A lei que diz a solução,
mas é uma bíblia de fracassos
achar que lei é perfeição
se pra leis, se tem pecados.
É a fama de bom garoto
filho de assassino idolatrado,
fiel da morte e do acordo
entre Deus e o Diabo.
Cresce asas feitas de agulha
que espeta a minoria
de bastardos sem escolha
pois, se não a baixaria.
Mas mesmo assim sendo o vilão,
viado, ladrão de gangue,
No peito bate um coração,
no meu corpo, corre sangue.
Água limpa de inocência
opressão e injustiça,
vítima da ignorância
de fascista, boca lisa.
E minha pele já bem negra,
e meu sexo censurado,
sem nação e sem igreja,
abaixo esse deputado.
Pois em mim já não há medo,
não há nada a perder,
não há vida pra morrer,
não há nada a Temer.
Não há nada pra bandido,
não há nada pra fascista,
não há nada pro Brasil,
não, nada a Temer.