JARDIM DESFLORIDO
E, de repente, estanca um coração
Tomando grande espaço do jornal
Inocente, entre tantos alvejados
Não espera vingança nem justiça
E é bastante o consolo de evocar
Madrugadas de Vigário Geral
Celebrando sangrentas Candelárias
Lá longe, o sol continua a brilhar
E a chuva respinga nos deserdados
Cobertos pelo véu da impunidade
Sem remorsos, verdugos em conclave
Louvam deuses há muito inconfessáveis
E o terror se aproxima passo a passo
Salta os muros, cruza as grades perplexas
Embriaga-se com as flores do jardim
Jardim que se esqueceu de florescer